Estou regressando da terceira avaliação de minha cirurgia,
quanto às duas hérnias, sendo uma inguinal e outra umbilical (é dose).
Tudo pelo SUS (Sua Única Saída). Quando não se tem plano,
casa-se com o SUS.
A estada lá é vapt-vupt; cheguei às 12 horas e sai às 16
horas.
Depois dos trâmites legais, você é encaminhado para uma sala
que comporta, em média, 250 pessoas.
São duas alas, sendo as cadeiras colocadas em posições de
uma ala voltada para outra.
Assim sendo, todos ficam com caras de ninguém, um olhando
para o outro, não tem outra maneira.
Dentro de tal ociosidade de tempo, procurei algumas
alternativas, a saber:
1ª revisão – Fiquei contando os números de janelas e os
respectivos vidros das mesmas.
2ª revisão – Contei os números de portas, dobradiças e
trincos das mesmas.
3ª revisão – O teto é constituído de placas quadradas; não
pude apurar se é de gesso ou compensado, todavia, tomei a iniciativa de
contá-las. É comum você apontar o dedo indicador para as peças à serem
contadas, o que fiz. Entretanto, esqueci-me que estava dentro de uma sala com
muitas pessoas. Quando dei por mim, todos, sem exceção, estavam olhando para
mim.
Tinha um cidadão, senhor, da melhor idade, que fitou os
olhos em minha direção, aquele olhar patriota, vocês entendem? Captei seus
pensamentos, a saber: babaca, bundão, o Pinel fica no Hauer, não muito distante
daqui. O mesmo não poderia adivinhar que eu sou vizinho do Pinel.
Pois bem, depois de todo esse tempo, fui chamado. Calma,
calma, muita calma, não para ser atendido, mas, para fazer outra espera, agora,
num corredor.
Chegou a minha vez, agora, sim, para o consultório.
Primeiramente, atendido por uma médica (acadêmica).
- Como vai? Tudo bem?
Qual o motivo de sua consulta?
- Revisão, pela terceira vez, de uma cirurgia, referente
duas hérnias, uma inguinal e outra umbilical (dose para elefante).
- Por favor, suba na maca e baixa a calça até a virilha, e
suba a camisa até o pescoço.
- Fiquei naquela posição para a devida revisão.
Revisão efetuada solicitou-me aguardar o médico supervisor.
Fiquei naquela situação aguardando o dito supervisor.
Eis algumas expressões das pessoas que passavam pelo
corredor:
- Que monumento natural?
- Obra da natureza!
- Não existirá um pintor no local, para pintar a referida
obra em um quadro apropriado?
- Passou uma madame senhora cidadã e fez o sinal da cruz.
- Levantei a mão direita, com o sinal de positivo e falei:
não estou morto não! Apenas uma revisão referente cirurgia de duas hérnias, uma
inguinal, outra umbilical (agora, dose para dois elefantes). Aí ela desfez o
referido sinal.
Prá cá com essa.
Chegou o médico supervisor.
Fez as mesmas perguntas que a médica já tinha feito,coisa de
louco.
Apenas acrescentou o seguinte:
- Sopra as costas da mão com bastante força.
Novamente.
Novamente, com mais força.
- Doutor! Traga-me um pinico, pois é força demais para o meu
controle.
- A médica falou: Doutor! Não temos pinico aqui no
consultório.
- Ta bom assim, ta bom.
- Você está liberado, contudo, tenha cuidado, principalmente
em fazer muita força, leva a vida de leve, como estivesse dançando um balé,
entendeu?
- Doutor! Com todo o respeito que eu tenho pelo balé, Catarina
não dança balé, Catarina pratica a dança do coice e a dança do grito, a dança
das esporas, sacou jacaré?
Pronto acabou!
Quer saber mais, quanto à cirurgia de duas hérnias, uma inguinal
outra umbilical (agora, dose para mamute), vide minha ficha médica no hospital.
Larga do meu pé, jacaré do peito amarelo.
Abraços do
Catarina Paranaense.
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