Mais um dia para batalhar. Já com minha megaloja (21m2)
aberta, sentado no cepo, com pensamento muito positivo, ou seja, quero faturar,
quero faturar, nada de duplicatar.
- O que é o cepo?
- Pronto, já expliquei umas quinhentas vezes, o que venha
ser o cepo, entretanto, o jacaré quer saber.
Cepo nada mais é do que a cadeira que eu uso na loja,
apenas, a mesma apresentou um rebaixamento nas laterais, parecendo mais uma
sela para cavalo, do que, propriamente dita, uma cadeira, o que aproveitei a
oportunidade de apelidá-la de cepo.
Sacou jacaré?
Olhando para rua, notei um automóvel vindo de encontro a
minha loja, estacionando bem ao lado da mesma, atravessando, inclusive o
rebaixamento do meio fio, uma obra prima da prefeitura, coisa de louco.
Pensei! Ganhei o dia, o cara vem com muita sede de comprar.
O carro estacionou, porém, não saiu ninguém do mesmo. Pensei
com meus botões: o cara quer ser servido no próprio veículo, vamos lá, cadê a bandeja?
Que bandeja Zé de melo, isto aqui não é lanchonete, nem tão pouco restaurante,
tá ficando louco.
Quando me aproximei do carro, notei uma boca aberta, cheia
de dentes, sorrindo e se abrindo parecendo um paraquedas.
Como sempre trabalhei com estatísticas, ou melhor, controle
de vendas, apelei para a famosa “tendências”, ou seja: o cara tem um estoque de
sorriso de cair o queixo; se o cara tiver dinheiro como tem de sorriso, estou
feito; o cara pode está sorrindo de felicidades ou, sorrindo com vontade de
comprar muito, mais muito mesmo.
Já mais próximo do veículo, o vidro foi deslizando,
parecendo bacalhau no óleo.
De olho para dentro do carro, adivinha quem estava no
volante, chuta; o meu amigo Ne, o criador do Brasileirinho, é mole.
Aquele xaveco, o quebra gelo de sempre, apresentações, como
foram de viagens, enfim, aquela quizumbada toda.
O NE apresentou-me o sorridente, um cascavelense, o
Ander.......
Foram muitos abraços, lágrimas, porém, o Ander.... soltava
lágrimas mas não desistia do sorriso.
Mandei entrarem, usei a telepatia para abrir o portão, os
mesmos ficaram sós de butuca e pimba, de portão para dentro.
Pensaram: sem controle remoto, porém, o famigerado portão abriu
coisa de louco.
Na minha casa até o portão abre os braços para visitas,
coisa maluca.
Chamei o NE à parte e fiz uma pergunta: o Cascavel é alegre
de nascença ou tá alegre?
Existe uma diferença muito grande entre ser e tá. Eu posso
tá Diretor, entretanto, não nasci Diretor, tá entendo Jacarandá?
A cabeça de um itajaiense quando começa a filosofar, saia de
perto, uma verdadeira sumidade.
O Ne me explicou a situação: convidei-o para vir para
Curitiba, pois, precisava tratar de assuntos com o meu advogado. O Ander ficou
em cima do muro, porém, quando falei que após a estada em Curitiba, seguiria
para Floripa, o mesmo pulou do muro e perguntou-me: você vai passar por Itajaí?
Vamos ver a oitava, nona, décima e demais maravilhas do Mundo? Tais como: o
Morro da Cruz que segundo alguns historiadores, nada mais é do que a Arca de
Noé emborcada; o Colerom? Afinal de contas o que é o Colerom? É simplesmente o
Coliseu de Roma? Como assim, o Coliseu de Roma? Trata-se do Estádio do Clube
Náutico Marcílio Dias. Aqui cabe uma observação: não se trata de futebol, mas
sim, de pura arte através do futebol; o bairro da Toca da Onça? Respondi sim
senhor, veremos tudo isto e algo mais. Itajaí é o berço da cultura, assunto
elementar para toda humanidade.
A partir daí o Cascavel abriu o tal sorriso e não parou mais
de sorrir.
Falei para o Ne, cuidado quando abrir a porta do carro, o
Casca poderá flutuar de tanto sorriso; agora fica no meu lugar, como é que
justificarei para a vizinhança o Casca flutuando, principalmente em se tratando
do tamanho do baita.
Partiram para Floripa, visitar a irmã, o cunhado e a Mianxa,
a gata de pisadas de pétalas.
Já no regresso, notei o Ander.... tristonho, cabisbaixo e
com pouco papo. Sentou-se, deu uma enganada, no que tange ao grude (janta),
solicitou permissão para sair da mesa e foi deitar.
Apanhei algumas estacas e fiquei na expectativa, pois, o
Casca estava tão cabisbaixo, que o seu queixo queria encostar-se ao chão, o que
precisaria das devidas estacas.
Perguntei para o Ne: o que houve com o Casca? O Ne
respondeu: queria, por que queria, ficar em Itajaí, ora bolas.
Pela manhã, já no café, perguntei ao Casca se o mesmo
aceitaria algumas sugestões, o mesmo balançou a cabeça positivamente.
Sugestões: Casca! Já que você quer morar em Itajaí,
primeiramente entra numa faculdade de piscicultura, apanha o canudo, aí sim,
vai para Itajaí.
- Acontece que eu conheço peixe, por exemplo: Pintado,
Dourado, Piranhas.
- Não Casca, não mesmo, os peixes em Itajaí são bem diferentes.
Você tem que estudar o seguinte: porque que a Sardinha não
cresce; porque que a Anchova é um senhor peixe, entretanto, a massa prefere a
Tainha; qual a diferença entre o Siri e o Caranguejo? Descascar o camarão, em
todos os sentidos, tá entendo jacaré?
Dourado! A única coisa que o itajaiense conhece de dourado
são as barras de ouros que todos possuem, entretanto, não se dá importância
para tal, coisa corriqueira.
Deu-se a impressão que o cascavelense engoliu, vamos esperar
para ver o que acontecerá.
Ufa!
Abraços do Catarina Paranaense, agora, amigo do tremendo
Casca.
Ne, criador do Brasileirinho, aquele abraço.