Ingratidão = Qualidade de ação de ingrato; falta de
gratidão. Ou seja: que não é grato, que não conhece os benefícios que recebeu,
desagradecido.
Gratidão = Qualidade de quem é grato. Reconhecimento por um
benefício recebido.
O ingrato é aquele agradece o bem, com o mal.
É da mesma casta dos falsos, fofoqueiros, mentirosos,
traidores e por aí vai.
Essa corja que senti de perto o seu veneno, terão um lugar
perpétuo; cadeirinhas de fogo, que nunca se
apagarão dentro do temível inferno.
Sou cruel?
Caso venha contar a minha vida profissional e, às armadilhas
e ciladas que colocaram no meu caminho profissional, vocês não me acharão
cruel, todavia, chorarão lágrimas de sangue.
Na Bíblia encontramos um caso que exemplifica muito bem, o
que narrei acima.
Em Mateus 18: 23 em diante, encontramos o que se segue:
Por isso, o Reino dos céus pode comparar-se a um certo rei
que quis fazer contas com os seus servos; e, começando a fazer contas, foi-lhe
apresentado um que lhe devia DEZ MIL TALENTOS.
E, não tendo ele com que pagar mandou que ele, e sua mulher,
e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe
pagasse.
Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo:
Senhor seja generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão,
soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém aquele servo encontrou um dos seus conservos
que lhe devia CEM DINHEIROS e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: paga-me
o que me deves.
Então, o seu companheiro, prostrando-se a seus pés,
rogava-lhe, dizendo: sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Ele, porém, não quis, antes, foi encerrá-lo na prisão, até
que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, constristaram-se
muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe:
servo malvado perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicasse.
Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro,
como eu também tive misericórdia de ti?
E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores,
até que pagasse tudo o que devia.
Assim, vos fará também meu Pai celestial, se do coração não
perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.
O ingrato devia ao rei dez mil talentos.
Vamos considerar em média, um talento de prata = 6.606
dólares e um talento de ouro = 385.350 dólares. ( bem entendido um talento) O
cara devia dez mil talentos.
Se o conservo devia cem dinheiros equivalente, nos dias
atuais, um dia de trabalho – um dinheiro.
Observaram o que é ingratidão?
Agora, vou narrar o que é consideração ao bem recebido, bem
diferente da mula acima mencionada.
A FUGA DE CHICO DIAS.
A reação do governo português contra os revolucionários da
Confederação do Equador foi violenta e implacável. Os chefes do movimento que
lhe caíram nas mãos foram enforcados ou fuzilados. Os que tinham tomado parte
na rebelião foram perseguidos dia e noite.
Nos povoados do litoral ou nos caminhos do sertão de
Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte andavam grupos de soldados revistando
fazendas, casas e matas, à procura de fugitivos. A perseguição era incansável.
Um dos revolucionários que tinham escapado da prisão era o
padre José Martiniano de Alencar. Homem inteligente e culto, defensor da
liberdade, ele aderia a todos os movimentos que, naquela época, visaram à
independência do Brasil. Participara de revolução de 1817, da propaganda de
nossa Independência em 1822 e, finalmente da Confederação do Equador.
Fugindo dos soldados de Pedro I, viajava o padre Alencar em
pleno sertão cearense, quando encontrou uma casinha humilde. Bateu à porta.
Veio recebê-lo um sertanejo moço e forte. Era Chico Dias, que vivia naquelas
longínquas paragens, em companhia de sua esposa.
A palhoça era pequena e pobre. Mas a hospitalidade sempre foi
uma tradição sagrada nos sertões do Nordeste. O padre foi acolhido
carinhosamente por Chico Dias e uma mulher.
Mas ao hospedar o fugitivo em sua casa, os dois sertanejos
tornavam-se também alvos da justiça Imperial. Ocultar um revolucionário era,
naquele tempo, um crime que se castigava com a forca.
Chico Dias sabia muito bem disso. Mas recebeu o fugitivo de
braços abertos. O padre Alencar teve, porém, receio de comprometer o casal. Por
isso, logo que se refez da longa viagem, resolveu fugir para a Bahia. Chico
Dias serviu-lhe de guia até às fronteiras dessa província.
Infelizmente, o padre Alencar, ao entrar na Bahia, foi
preso.
Depois de maltratado nos calabouços de Salvador, foi enviado
para o Rio de Janeiro. Em seguida foi remetido para as prisões do Ceará. Nesta província
foi julgado. E como tivessem decorrido vários anos e os ânimos estivessem menos
exaltados, o padre foi absolvido e posto em liberdade.
Tempos passados, o povo brasileiro revoltou-se contra os
desmandos de D. Pedro I e o depós em 1831. O padre Alencar que tinha sido um
dos chefes da nova revolução. Foi nomeado governador do Ceará.
Nessa época o Brasil atravessava um período de lutas e
agitações. Os brasileiros viviam brigando uns contra os outros.
No Ceará, essas lutas tinham chegado a um ponto que exigiam
do governo uma reação severa e imediata. O padre Alencar teve de agir com
firmeza e energia, punindo os cabeças das agitações.
Um dia, prenderam um dos chefes mais temidos dessas
rebeliões. Ele devia ser enforcado imediatamente. O governador mandou que
trouxessem o prisioneiro à sua presença.
Quando olhou para o condenado ficou pálido de espanto. Era
Chico Dias. Este, ao ver o padre, chorou de emoção.
Mas ambos ficaram calados. Não revelaram que eram velhos
amigos. O padre Alencar recobrou a calma e deu ordem para que recolhessem de
novo o preso ao calabouço. Porém, alta noite, foi disfarçado à prisão. Abraçou
o amigo, acolheou-o e o pós em liberdade. Com isso o padre Alencar arriscou o
seu posto e a sua vida. Mas ninguém descobriu o autor da fuga de Chico Dias.
Situações louváveis de aplausos, entre dois homens de
dignidade e moral, diferente da primeira narração.
Abraços do
Catarina Paranaense.