segunda-feira, 28 de março de 2016

"LAMENTAÇÕES DO CATARINA."



Antes de qualquer coisa quero apresentar o meu perfil, a saber:
Eu sou um homem pobre, humilde, acostumado às coisas pequenas e ao silêncio.
Não sou muito de mostrar os dentes, poucos amigos e reservado.
Todavia, amanheci com as canjicas no último grau de ruptura, rindo que nem uma hiena.
Segunda a minha mulher, fiquei rindo a noite toda. Alguma coisa está errada, pois não faz o feitio.
Então, só existe uma maneira de fazer tal sorriso de meus lábios desaparecerem, olhar no espelho.
Este espelho vive de sacanagem comigo, todavia, não tem outro jeito, pois o impacto da primeira olhada e destrutiva, sem sombras de dúvidas.
A minha saudosa mãe sempre falava: Meu filho! Você tem os olhos atraentes, sobrancelhas cerradas, um nariz perfilado, um boca angelical, um bigode que parece a mata amazonense, um queixo que, quem olha cai de queixo e um par de orelhas simétricas.
Agora o problema está no conjunto, o mesmo não agrada, a natureza pecou neste sentido.
2ª Feira achei por bem cortar o cabelo, todavia, todas as barbearias fechadas. É lógico que a situação mercadológica não está para peixes, mas, com raras exceções, o povo não quer nada com a dureza.
Lembrei-me de um salão perto da minha casa, contudo, o meu filho passou um cortado neste salão, corte errado, uma bagunça generalizada, haja vista, que ele saiu deste salão e foi obrigado a se dirigir para outra barbearia para acertar o devido corte.
Passei em frente, notei uma senhora da melhor idade na porta, com cara de poucos amigos.
Fiz a pergunta: a senhora corta cabelo de macho?
- Não Mané, aqui vendo carne de boi, Zé de Melo.
- Entrei, perguntei o preço, a mesma respondeu 20 mangos, fora a gorjeta.
Sentei na cadeira e fiquei esperando o bote.
- Qual o tipo de corte que você deseja?
- Corte de macho.
- Hum, hum, hum, fazer corte de macho numa encrenca desta!
Cabelinho sem vergonha heim! Cabelos em partes, parecendo um arquipélago.
Vamos ver o que se pode arrumar nesta cabecinha.
- Minha senhora tesoureira, itajaiense não tem cabecinha, tem cabeçote, a senhora, ainda, vai ver esta cabeça de macho brilhar, e brilhar muito.
- Claro que eu vou ver, dentro de dois anos, no máximo, a careca será total; é de seu puro conhecimento que toda careca brilha.
A senhora vai demorar muito com o referido corte, pois, não aguento mais olhar a minha cara no espelho.
- Tem razão, eu já estou enjoada em olhar para esta cara de tamanduá Bandeira.
Já poderia ter finalizado o corte, mas, estou fazendo o impossível para esconder o que for preciso, a bunda de macaco.
- O quê?
- Sim, a parte anterior de sua cabeça, parece uma verdadeira bunda de macaco; eu corto o cabelo, agora, não faço milagres.
- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo, um verdadeiro absurdo, comparar a parte anterior de minha cabeça com uma bunda de macaco.
Eu mereço.
- Terminei, quer dá uma olhada no espelho, como ficou a parte anterior da cabeça?
- Não, não senhora, assim já está de bom tamanho.
Tá aqui os vinte mangos e passe muito bem.
- Tchau BM, volte sempre.
- A consciência doeu, não é mesmo, agora me chama de BM, boa memória, muito obrigado.
- Nada disto, BM = Bunda de macaco.
- Esta mulher acabou com o meu péssimo dia, agora fiquei com complexo de BM.
Meu Deus! Como sofremos nós, os itajaienses, fora de sua cidade.
Quando eu corto o cabelo fico bastante acanhado, enjoado, indisposto, sinceramente falando, com cara de quem comeu e não gostou.
Bunda de macaco! Sai do meu pé jacaré.
- Chefia! Chefia! Não tenho nada com esta briga, então mais respeito, eu exijo.
- Desculpa Jaca! Desculpa você continua sendo a pele mais fina de meu nariz.
Vou parar por aqui, um dia cheio, pesado e chato.
Um Abraço
Do Catarina Paranaense.





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