domingo, 1 de maio de 2016

"O SONHADOR."



Hoje eu não estou bem, ou melhor, não estou nada bem, estou virado no alho, ou melhor, virado numa pimenta.
Em dias normais já não é fácil segurar o Catarina, agora, virado numa pimenta é dose para Mamute.
Ainda tem que enfrentar o frio úmido de Curitiba.
Existem pontos frios, tais como Urupema e São Joaquim, em Santa Catarina, Lagoa Vermelha no Rio Grande do Sul, Palmas no Paraná, contudo, Curitiba não fica devendo, absolutamente, nada para tais cidades frias.
O Curitibano é introvertido, por excelência, mas tem a sua devida razão, o frio aqui é penetrante e doído.
Nesta semana chegou um senhor na loja, tão arreganhado, mas tão arreganhado, parecendo um jacaré, em posição de atacar. O referido senhor, por questões da natureza, possui as canjicas bastante salientes, o que piorou o quadro atual.
Quando deparei com aquela situação, fiquei em posição de defesa, pois o cara estava totalmente arreganhado, mais um centímetro, o mesmo corria o risco de engolir as orelhas.
Chegou perto de mim e falou: “Que frio né vizinho!” Aí, sim, eu me desarmei.
O jacaré batia tanto o queixo parecendo um debulhador de milhos.
Então, para eu voltar a minha situação normal, somente com uma terapia do grito e da rinchada.
Todavia, não posso aplicar a referida terapia, pela seguinte justificativa: Venha comigo até a porta da megaloja (21m2): Na frente fica o estacionamento do Supermercado Muffato, virando a cabeça 45 graus para direita, nota-se o majestoso prédio do Pinel, virando 90 graus para esquerda, nota-se uma clínica veterinária observou?
Com a aplicação da referida terapia, pulando, sapateando, berrando e rinchando, diante da baixa cultura do povo, terei dois destinos, ou seja: vou parar na clínica veterinária, ou, dentro de uma camisa de força no Pinel, é mole?
Tenho mais uma opção, ou seja: revelar dois sonhos latentes; um depende de vocês, o outro depende de nossos governantes.
Primeiro sonho: Viver numa boa sem fazer, absolutamente, nada, porém, para que o mesmo aconteça teria que contar com uma contribuição de vocês, depositando semanalmente um cinquinho, um deizinho, um vintinho, um cinquentinha ou um cenzinho.
Ah! Uma excelente notícia para vocês sou cliente do Itaú, e como é do conhecimento de todos, o Itaú é um banco 100% informatizado, o que ajuda o depósito ser efetuado via internet, sacou?
Agora, tudo é efetuado pela internet, chegam entortar a boca quando falam: faço tudo pela internet, nem sei mais como é o banco internamente, uma frescura a toda prova.
Eu faço tudo ao contrário, gosto de ir ao banco, principalmente com este frio, enfrentar uma longa fila externa. Gosto de chegar ao banco e ver uma multidão de gente é salutar.
O bom da situação é que você entra no banco e já começa o tumulto, a porta giratória trava, aí sim, é gostoso ver às pessoas jogando tudo para fora de bolso, bolsa, até a mesma destravar, é bom demais.
Dias atrás fui ao banco quitar uma duplicata e fazer um depósito de altos valores, eis a minha trajetória:
Já dentro do banco, corro para o terminal de senhas; apanho duas senhas, uma para pessoas normais, outra para os pés nas covas.
- Afinal de contas, em que lado você pertence?
- Não falarei deixarei vocês dentro da mais incrível curiosidade.
Antigamente você esperava a chamada nos caixas, através de filas, a mesma dava um volta na quadra para depois entrar, hoje é diferente, existem cadeiras.
Você chega nota-se uma multidão sentada, todos com cara de ninguém olhando para o visor de chamada.
Aí começa o meu exercício, quando, no visor aparece o 6, já sei que se trata de pés nas covas, então guardo a senha que começa com cem e apanho a que começa com 6.
602, não é a minha, a minha é 615, então guardo a mesma e coloco a que começa com cem na mão.
Neste esquema, eu sento e levanto, para variar, às vezes, eu levanto e sento coisa de louco.
Diante desta ginástica, um senhor ao lado, também pés nas covas, olhou para mim e falou: tá com coceira no trazeiro?
Calma, muita calma estou com quantia bastante volumosa e estou nervoso,
- Então chama o gerente e conta a sua situação, não fica pulando parecendo um sapo.
É do conhecimento de vocês que tais cadeiras são ligadas uma na outra e às vezes o parafuso se solta deixando a referida cadeira solta. Quando me sentei, largando todo o peso do corpo na cadeira, o velho ao lado, saltou e, aproveitou o embalo pra procurar outro lugar, não to nem aí.
Chegou a minha vez; chego com cara de assustado e a caixa já vai perguntando, grandes volumes? Sim senhora!
- Então vamos fazer a operação rapidamente, qual a primeira operação?
- Pagar um título, e já joguei o mesmo para ela; valor da duplicata: R$ 115,21/ a mesma olhou para o valor e começou a rir.
Perguntei para a mesma: Minha senhora moça caixa bancária! Algum problema com a minha duplicata? Está escrito alguma piada na mesma para a senhora abrir a canjica?
- Não, não meu senhor, é que me lembrei de um caso engraçado, desculpa!
- Engraçado era o meu tio Raimundo, que Deus ponha em bom lugar, o mesmo tirava a cueca sem tirar a calça, é mole?
Quitou a duplicata, devolveu-a e perguntou qual a próxima operação?
- Um depósito em nome do degas.
- Qual o valor a ser depositado?
- Saquei do bolso R$ 50,00 e do outro bolso R$ 20,00, totalizando R$ 70,00.
A mesma deu uma risada tão alta, mas tão alta, que todos os demais colegas da mesma começaram a rir.
O brasileiro é mesmo assim, se você está rindo, o próximo olha para você e, também, começa rir, sem saber o motivo, e assim vai; coisa de louco.
Apanhei a duplicata e o recibo do depósito, disfarcei e saí de leve.
Agora, sim, vou para o terminal do Banco, conferir o meu saldo. Quando cheguei comecei a digitar e notei uma madame senhora de olho na minha digitação. Pensei ué, coisa que a mulher não se liga é no censo da curiosidade, nunca vi uma mulher curiosa (?), o que a madame quer!
Último digito, pronto, saiu aquela relação, aquele extrato volumoso; apanhei o mesmo no ar e fui atentar para os registros. A madame perguntou-me: não quer um guardanapo úmido? Prá quê minha senhora? É que o senhor cortou o dedo, eis o sangue em seu extrato!
Olhei nada mais era do que o meu famigerado saldo bancário.
Agradeci a madame e fui para o centro do salão do banco, atentar para o meu extrato; nisto chegou um senhor, me abraçou e falou: somos colegas de partido, o vermelho está em nossa vida, parabéns, parabéns, vamos vencer a luta.
Pensei o melhor é guardar o extrato, o que fiz, coloquei no bolso da camisa, mas, como a camisa era branca transparente, notei que as pessoas olhavam para o bolso e coçavam os olhos, pensei, quer coisa estranha!
Já mais tranquilo, com a duplicata paga, o recibo do grande depósito em mãos, o extrato no bolso, tá na hora de me mandar.
Quando passei pela guarda, o mesmo parou-me e perguntou: tá com alguma lâmina no bolso da camisa? Não, não senhor! E qual o motivo do brilho em seu bolso da camisa? Trata-se do meu saldo bancário, nada mais, veja!
É! Saldo bancário com vermelho vivo, agora, veja o meu, disse o guarda: encarnado vivo, pior do que o seu!
Abraçamos, lamentamos e fui embora, ufa, que trabalhão.
Cheguei a casa, a minha mulher bastante preocupada perguntou-me: Tudo bem correu tudo normal?
- Respondi tudo bem mulher, eliminamos o valor que o carro transportador de valores cobraria.
O quê foi? Algum problema para expor a canjica?
Como sofremos nós, empresários de altas somas e volumes de vendas.
No próximo blog registrarei o segundo sonho.
Abraços do
Catarina Paranaense.

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