sexta-feira, 6 de maio de 2016

Continuação do blog anterior "O SONHADOR."



No dia 4 de abril de 1968, Martin Luther King, líder do movimento negro dos Estados Unidos, é assassinado em Memphis.
King realizou em 1963, com 200 mil pessoas, a Marcha para Washington, onde proferiu seu discurso I have a dream, Ganhou, em 1964, com 35 anos, o Premio Nobel da Paz.
O Catarina, com seu traje especial, ou seja, o Cataúcho, na porta de sua megaloja (21m2), com um megafone na boca, falou: I have two dreams.
An already turned into a nightmare.
Eu tenho dois sonhos.
Um já se transformou em um pesadelo.
Fala em inglês?
Não, nem uma palavra.
Ainda no tempo de colégio, um professor de francês, e uma professora de inglês, informaram-me que eu tinha a língua pesada para línguas estrangeiras, e que eu teria algumas dificuldades no futuro.
Não deu outra.
Certo dia, numa aula de inglês, estava lendo um texto, em inglês, e quando cheguei à palavra girl, a professora chegou perto de mim e disse: vamos treinar um pouco esta palavra; procura engoli lá, como tivesse comendo alguma coisa consistente.
Guéuu, outra vez, guelll, vai engolindo.
Professora? Vou tentar engolir letra por letra, caso contrário não tem jeito.
Professora? Um pouco de água, pois, é tanto girl que o meu estômago não está suportando mais nada.
Depois de dez vezes, fiquei enjoado e tonto.
Deixei o colégio com o estômago cheio, não querendo saber de mais nada.
Cheguei a casa, a minha saudosa mãe perguntou-me: vai jantar? Girl.
O quê? Girl.
Ficou louco? Girl.
-Joaquim (meu saudoso pai) este rapaz não está batendo bem os pinos!
- Vai jantar? Girl.
Tá ficando louco? Girl.
Vai plantar batatas! Girl.
Eu tenho dois sonhos.
Um já se transformou em um pesadelo.
O primeiro não deu em nada, pois, não depositaram nem um realzinho na minha conta.
Gente mão de boneca, pão duro.
Não abre a carteira nem a bolsa, nem que a vaca tussa e o boi espirre.
Agora, quando é para abrir a canjica, não tem nada que os façam parar.
Antes de revelar o segundo sonho, tenho que registrar o ocorrido pela manhã.
Primeiramente, descrever o traje cataúcho. Composto de: uma bota até o joelho, com um par de esporas metálicas, uma calça larga, tipo bombacha, um camisa fofa, duas costeletas longas, que se encontram debaixo do queixo, um bigode rasga fronhas, um chapéu de abas largas, tipo mexicano, e um chicote preso ao lado direito da calça.
- Chefia! Chefia! Não escorrega! Não escorrega! Camisa fofa pegou muito mal.
- Tá certo Jaca, tá certo, acontece que não inventaram borracha, nem corretivo, para apagar no computador, então farei uma observação: ao invés de camisa fofa, leia-se camisa para macho.
Ficou melhor assim Jaca?
- Ficou, porém, às marcas ficaram.
- Está aprendendo a filosofar, não é de graça que você é a pele mais fina de meu nariz.
Certa vez, vi uma apresentação de um gaúcho, o qual rodava em volta de uma perna e com a outra, ele riscava o asfalto com as esporas, saindo rodelas de faíscas, achei interessante.
Como já estava com o traje quase igual ao dele, tentei fazer o mesmo exercício, mas, não sei o que deu errado e espatifei-me no asfalto, tomara que ninguém tenha visto.
- Tá com o trazeiro quebrado?
- Meu senhor arreganhado, você chega à minha megaloja (21m2), não deseja um bom dia, e já vai perguntado pelo meu trazeiro! Posso saber o motivo da brincadeira?
-Nada disto, nada disto, é que eu ia passando de ônibus e observei o tombo que você levou.
Em casa, falei para minha senhora: aquele senhor da lojinha não bate bem dos pinos, inventa cada peripécia que só para a cara dele.
Estava rodando que nem um louco e deu com a cara no asfalto.
Você deve se policiar melhor, ser mais sério, caso contrário a sua loja vai virar num circo, se já não virou.
Precisa criar vergonha na cara, parece moleque!
- Tenho explicações: tentei fazer um exercício que observei certa vez, o qual o cara girava com sustentação de uma perna e, com a outra, ele ralava as esporas no asfalto, saindo faísca para todos os lados. Não sei se fiquei tonto, ou perdi o equilíbrio, ou, a espora travou!
- Machucou-se?
- É! Ralei o rosto inferior e não posso sentar coisa de louco.
- Está com o trazeiro todo ralado, bem feito.
- Seu arreganha, você deitou e rolou para cima de mim, agora chegou a minha vez de pergun- tar; Esta bocarra é natural, ou, você adquiriu com o tempo?
- Toda a família é bocuda e linguaruda, já de nascença.
- Linguarudo nem é preciso dizer. Agora mais uma curiosidade, você não se cansa, no frio, ficar muito tempo arreganhado?
- Não, já me acostumei.
- Posso medir a sua envergadura arreganhada lateral?
- Pode.
- Me deixa apanhar o paquímetro.
- Vou segurar as suas orelhas, a fim de evitar que você engula.
Arreganha, arreganha; tá doendo minhas orelhas! Parecem orelhas de mamute.
- Não consigo mais, cheguei ao limite.
- Tá bom, tá bom.
Mais dois centímetros de arreganhadas, você abocanhava as próprias orelhas.
Qual o maior objeto que você já colocou na boca?
- Uma bola de tênis, se bem que meu pai consegue colocar uma bola de futebol número 1 na boca.
- Neste caso, não é mais boca, e sim, um túnel.
Mais uma pergunta? Neste último dente, ou seja, uma verdadeira panela, o que o dentista usa para tapar a cárie?
- Broca de aço rápido número 8.
- Coisa de louco.
- Bom, estou me mandando, não se esqueça, tenha mais cuidado e cria vergonha nesta cara.
- Bom dia, bom dia, bom dia!
Hoje, pelo jeito não teremos pão, pois quebrou a padaria, não é mesmo?
- Tinha que ser a loira disfarçada, não me faltava mais nada.
- Que brincadeira e esta de padaria quebrada? Não estou entendo a sua colocação?
- Minha mãe presenciou o tombo que você levou, esborrachando-se no asfalto.
O bochinche (bochicho) na vizinhança é totalmente sobre o seu tombo.
Você parece uma verdadeira criança sem graça, cria vergonha na cara e proceda que nem um homem, não que nem um moleque.
Tchau!
É muita coisa para um dia só, estou exausto, assim sendo, infelizmente, a revelação do segundo sonho ficará para o próximo blog.
Abraços do
Catarina Paranaense

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