Ser bom!
Existe um ditado entre os antigos
que diz: “Quem é muito bom, vira bobo.”.
Eu prefiro ser taxado de justo; e
falo isto com muita propriedade, pois liderei muitas gentes em minha vida profissional.
Sempre julguei os casos apresentados, que não foram poucos, com a razão, nunca
com o coração.
Quem tem o coração muito bom,
mole, não serve para liderar, em hipótese alguma.
Uma das coisas mais difíceis da
vida é liderar o ser humano.
O ser humano é composto de uma
complexidade a toda prova um verdadeiro teorema.
Com 15 anos de idade, já liderava
150 mecânicos, além de faxineiras, vigilantes, pedreiros, carpinteiros e
outros.
Já na faixa de 25 anos, a equipe
que eu liderava somava-se mais de 350 trabalhadores.
Na posição de comando sempre
utilizei de alguns conselhos dados por Jesus, por exemplo:
Mateus 10:16, a saber: Sede
prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
Toda vez que vesti a capa de
simplicidade e esquecia a capa da prudência encontrei armadilhas terríveis que
me prejudicaram para o resto de minha vida.
Dentro do comportamento do ser
humano você encontra muitos lobos e poucas ovelhas.
Comandei elementos de toda
espécie, bons, ruins, malcriados, valentes, imbecís, pessoas que não aceitavam
serem comandadas de jeito nenhum, fingidos, traidores, e aí vai.
Não vou me alongar muito neste
assunto, caso contrário, terei que escrever um Best-Seller.
Outra orientação dada por Jesus:
Mateus 22:21 = Daí, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus.
Utilizei bastante desta colocação
em minhas decisões.
Como já falei, prefiro ser taxado
de justo a de bom.
Eis o que Jesus falou quando
chamaram de bom: Marcos 10:18 = Porque me chamas de bom? Ninguém há bom senão
um, que é Deus.
Outra atitude que utilizava em
minha liderança:
Seja cortês com todos,
Social com poucos,
Familiar com alguns,
Amigo com um,
Inimigos com nenhum.
O exposto supra serviu apenas
para uma introdução, eis agora, o exemplo de um homem muito bom.
Quando o Brasil foi dividido em
capitanias hereditárias, Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo português que muito
se distinguira na Índia, pediu ao Rei que lhe concedesse um desses quinhões.
Devido aos grandes serviços que prestara ao seu país, ele foi atendido na sua
pretensão. Vendeu então os seus avultados bens para adquirir navios, provisões,
ferramentas e contratar colonos necessários à exploração das terras que lhe
haviam sido doados.
Chegando à sua capitania durante
os festejos de Pentecostes, deu à primeira colônia que fundou o nome de
Espírito Santo. Os ataques dos índios o obrigaram a fundar outra povoação, a
vila de Nossa Senhora da Vitória. Vasco Coutinho ERA UM HOMEM HONESTO, GENEROSO
E TRABALHADOR. Faltava-lhe, porém, a energia imprescindível para vencer as dificuldades
imensas de sua áspera missão.
Dois grandes obstáculos surgiram
logo à sua frente. De um lado, os índios bravios e indomáveis, que resistiram a
todas as tentativas de pacificação. De outro lado, a indolência e a ambição dos
colonos que trouxera da Europa. Vasco Coutinho ERA UMA ALMA BONDOSA E DELICADA.
Para uma gente que precisava de manoplas de ferro, ELE USAVA LUVAS DE SEDA.
Por isso, a indisciplina, a
desordem e a corrupção logo invadiram a capitania do Espírito Santo.
O dinheiro trazido de Portugal
esgotou-se. Os mantimentos acabaram. Os colonos começaram a brigar entre si. E
os índios foram destruindo as casas, as lavouras e as criações de Vasco
Coutinho.
Desanimado e empobrecido, o
donatário foi perdendo a HONRA E DIGNIDADE .
Deu para beber. Perdeu as maneiras fidalgas, Tornou-se grosseiro e brutal.
Começou a homisiar, em suas terras, todos os criminosos que fugiam das outras
capitanias. Poucos homens desceram tanto na escada da degradação moral como
Vasco Coutinho.
Um dia resolveu reagir contra a
decadência de sua capitania. E também contra a depravação de sua pessoa. Deixou
de beber. Começou a trabalhar. Abandonou a companhia dos bandidos que
frequentavam sua casa. Embarcou num navio e foi a Olinda na esperança de obter
recursos para o reerguimento de sua capitania.
Mas era tarde, Ninguém acreditou
nas suas promessas. Duarte Coelho, donatário de Pernambuco recusou recebe-lo.
Todos o desprezavam. E, ao entrar
na igreja, foi-lhe proibido sentar-se nas cadeiras reservadas aos capitães-mores.
No púlpito o bispo D. Pedro Sardinha, exprobou severamente seus vícios e
pecados.
Vasco Coutinho voltou para o
Espírito Santo. Retornou à vida antiga. Embriagava-se diariamente.
Alimentava-se do que lhe ofereciam por caridade. E, pouco depois, quando
morreu, não havia em sua choupana, um pedaço de pano para lhe cobrir a nudez.
Foi preciso uma alma piedosa emprestasse um lençol para amortalhar o seu
cadáver.
Assim findou os seus dias Dom
Fernandes Coutinho, fidalgo português, herói na Índia e donatário da Capitania
do Espírito Santo.
A reflexão, a conclusão, fica por
sua conta, OK?
Abraços do
Catarina Paranaense.
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