sexta-feira, 15 de abril de 2016

"É DOSE PARA MAMUTE."



Hoje amanheci alegre, é isto mesmo que você leu alegria total e absoluta.
Segundo minha mulher, eu sorria tanto que ela quase visitou o Pinel, solicitando um aconselhamento médico.
Entrei no banheiro, a alegria dobrou, pois notei a ausência do famigerado espelho. Perguntei para minha mulher e ela respondeu que levou para a lavanderia, pois o mesmo estava muito sujo.
Orientei-a deixar o espelho três dias secando, de acordo com instruções de espelhológo.
A isca foi jogada, espero ter resultado, todavia, sabendo da exigência da minha mulher por limpeza, não sei não; aguardarei.
Sentei-me à mesa do café matutino e falei: hoje estou muito alegre, O meu filho caçula já foi perguntando: o senhor tomou os remedinhos da neurologista?
A minha alegria é bissextual, por isto o espanto da família.
Já com a megaloja (21m2) aberta, numa euforia total, aproveitei a oportunidade para medir o ponto de ruptura de minhas canjicas. É que na frente da minha mesa tem um vidro, quero deixar bem claro que não se trata de espelho, todavia, tem como verificar a elasticidade canjical.
- Bonito! Muito bonito! Se abrindo todo para a parede, parecendo paraquedas, tá ficando louco ou já é por natureza. O Pinel é só atravessar a rua.
Tenha vergonha na cara, deixa de bancar uma criança.
Minha senhora madame bronqueira, estou apenas medindo a elasticidade de minha força bucal, nada mais, OK?
Vou embora, este cara não bate bem dos parafusos.
Notaram que falei de minha mesa, o que veio a lembrança quando visitei recentemente, em 1972, a Cidade de Ouro Preto. O cicerone levou para um cubículo e falou o seguinte: este espaço era o lugar preferido de Tiradentes; aqui tinha uma mesa que sumiu, mas era nela que Tiradentes fazia suas anotações.
Não observei cadeira, provavelmente, Tiradentes gostava de escrever de pé.
Analisando atentamente os dados da referida mesa desaparecida, não tenho dúvidas que se trata desta mesa que hoje está aqui comigo. Até as farpas em quantidades que o cicerone falou a minha, também, tem e como incomoda.
Certa vez, chegou um cara intitulando-se historiador, solicitando licença para olhar a minha cadeira. Tudo bem fica a vontade.
- Olhou uma numeração, na parte inferior da cadeira, fez algumas anotações, pesquisou outras, e logo foi falando: O senhor está com uma obra valiosa em suas mãos, esta cadeira, sem medo de errar, 99% de exatidão, que a mesma foi usada por Noé. O mesmo tinha o costume de usá-la quando precisava fazer alguns acabamentos na parte inferior de sua arca.
O cara tinha mais cara de bebum do que historiador, contudo, ficou o registro.
Esta cadeira foi restaurada.
Por quem?
Por mim.
Usei aquele papel contato, pois a mesma tinha um buraco no centro do assento que me deu muito trabalho e vergonha.
Gosto de usar o meu tempo em leitura, e quando leio fico concentrado no teor do livro. Assim sendo, certa vez, numa concentração total e absoluta fui entalando no buraco da dita cadeira, e quando dei por mim, estava entalado totalmente, ou seja: com os dedões dos pés, é aqueles mesmos, os da gota, forçando as sobrancelhas e o livro no meio de ambos prensado, chegando ao ponto de me faltar fôlego.
Minha salvação: minha mulher, que com muito trabalho e sacrifício, me desentalava.
Certo dia, a minha mulher foi fazer um depósito, na conta de minha megaloja (21m2), sendo que a orientei a tomar cuidado total, pois, a quantia era volumosa, R$ 30,00.
Fiquei sozinho na loja e comecei uma leitura de um livro: “A volta dos que não foram”.
Dentro deste tema extraordinário, não deu outra, entalei, novamente, no buraco da cadeira. Mas foi um entalo que vocês perderam, fiquei grudado, ou melhor, 100% dobrado.
Nisto chegou uma senhora e sua filha, ocasião que solicitei ajuda para desentalar.
A senhora, um tanto desesperada, não sabia como proceder. A filha puxou pelos sapatos, aqueles comprados nas lojas do Barão do Rio Branco, desesperada arrancou os sapatos. Puxou pelas meias, estas compradas nas Casas Sul América, coisa de louco, também as arrancou.
Quando tentou puxar pelas bainhas da calça, eu gritei: Puxa pelos pés, caso contrário, ficarei sem a calça e, apenas, de cueca, situação que Napoleão perdeu a guerra.
Fiquei pensando, entalado só de cueca, chega à imprensa e eis o noticiário nos jornais:  “Fica entalado no buraco de uma cadeira só de cueca. Como ficará a minha reputação? Afinal de contas sou proprietário da Casa Ponto Positivo.
Falei para a mulher: puxa pela cabeça, ocasião em que a mesma respondeu, puxarei pelas orelhas, são bem mais firmes do que a sua cabeça.
Puxa, puxa, puxa, ufa, desentalei.
Obrigado, muito obrigado.
- Você é louco ou bobo alegre, quase nos matou de sustos.
Vamos embora minha filha, este cara não bate muito bem dos pinos.
Este o motivo que forrei com papel contato, chega de entalamento.
Lá vem o mamutão, o cara tem 2,10m de altura e 110 kgs de gordura.
Sua profissão: carregar areia e pedra, num caminhão.
Depois de seu trabalho e comprar o que precisa em outras lojas, vem me visitar, ou seja, contar uma série de mentiras e eu ratificá-las. Quero morrer amigo do mamutão
Quando ele chega eu já vou sentando, pois o mesmo tem o hábito de falar com a gente e bater na minha testa. Certo dia contou um caso que demorou três voltas na área da loja. Quando o mesmo saiu já gritei: Mulher trás um Dorflex urgente.
Falou da crise brasileira, puxou a referida cadeira, colocou bem na porta da megaloja (21m2) e sentou-se. Pensei, se o cara atolar tenho que chamar um guincho, sem sombras de dúvidas; ele contava um caso levantava-se, sentava, levantava e eu, nas pontas do pés.
Graças, o papel contato segurou muito bem o trazeiro de elefante.
Começou a contar um assalto que sofreu, porém, falou que conseguiu segurar o malandro contra a porta de seu caminhão e foi prensando o cara.
Quando notei o mesmo estava com aquelas patas segurando meu rosto contra a parede da megaloja (21m2), querendo mostrar como fez com o assaltante. Já estava me faltando fôlego, nisto chegou uma senhora e gritou: “Meu Deus”! Está matando o coitado do Catarina, socorro!
O mamutão assustou-se e soltou-me e justificou para a mulher desesperada: nada disto minha senhora!Nada disto, estou, apenas, mostrando para o vizinho, como segurei um assaltante, mão é mesmo vizinho? É, é, é isto mesmo.
A mulher olhou para mim e perguntou: Tá falando fino, não tem vergonha não, de assustar os outros? Mané!
Foi embora.
Que sufoco.
Cada vez que eu avisto o mamutão entrando em minha megaloja (21m2) eu fico apavorado.
O cara é um gigante coberto de capa de ignorante, é mole?
Estou com ideias fixas na cabeça, mudar o segmento de minha megaloja (21m2), ou seja: “MUSEU DE ANTIGUIDADES”.
Já tenho a mesa de Tiradentes, a Cadeira de Noé, minhas sandálias Franciscanas, uma foto do Bauzão, que, também, faz parte da Megaloja (21m2), tenho diversas fotos, desde minha adolescência até agora, mostrando ao mundo, a degeneração do ser humano, assunto bastante importante, tenho fotos do Deixa Que Eu Chuto, do Bicanca, do Marinheiro e outras.
A ideia é excelente, basta calcular o valor de entrada.
- Fornecedor também paga?
- Claro que paga, em dobro.
Abraços do
Catarina Paranaense.

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