Eu falei, falo e falarei, ou seja, não me adapto muito bem
com a teoria, bem como, as pessoas teóricas,
Existe um abismo entre a teoria e a praticidade.
A teoria é boa para inflamar os discursos dos políticos, bem
entendido, desde que os mesmos tenham eloquência, caso contrário não terá
utilidade nenhuma.
Vou registrar um caso verídico, que tem muito haver com o
enfoque supramencionado.
Vamos ao detalhe.
Durante o ano de 1889, antes da proclamação da República,
foi terrível a falta d’água no Rio de Janeiro. Não havia água nem para beber. O
pior é que, nessa ocasião a febre amarela estava assolando a cidade.
A população ficou revoltada, achando que a culpa era do
governo. Os republicanos aproveitaram-se disso para fazer campanha contra a
monarquia. Fizeram um comício na Lapa que acabou em conflito sangrento.
O imperador D. Pedro II, que se achava em Petrópolis, ao saber
do que ocorria, desceu para o Rio e tomou providências para ver se resolvia logo a situação. Mas não o
conseguiu. Os engenheiros diziam que seriam precisos no mínimo oito meses para
trazer água para a cidade. Todo o mundo começou a ficar desanimado.
Nessa ocasião, apareceu um jovem engenheiro afirmando que se
o governo lhe fornecesse recursos, daria água à cidade em seis dias! Chamava-se
Paulo de Frontin, tinha apenas 18 anos e já era professor da Escola de
Engenharia!
Ninguém acreditou na promessa do rapaz. Quem poderia trazer
água, em seis dias, de um lugar que ficava a dezenas de quilômetros da cidade?
Como poderia, nesse tempo, abater matas, atravessar pântanos, rebentar
pedreiras, desviar o curso de rios? Qual, não era possível!
Mas o imperador acreditou no jovem engenheiro. Assistira ao
seu brilhante concurso para professor e, por isso, confiava nas suas palavras.
Aceitou o seu oferecimento e forneceu-lhe todos os recursos necessários ao
êxito da obra.
Paulo Frontin não perdeu tempo. Reuniu 30 mil operários e começou
a trabalhar dia e noite. Acidade inteira acompanhava ansiosa, a marcha dos
trabalhos. No fim de seis dias, estava cumprida a promessa do grande
engenheiro. Vinte milhões de litros d’água jorravam das torneiras do Rio de
Janeiro.
O povo delirou de alegria. Durante mais de uma semana festejado o grande acontecimento. Dando água
ao povo, Paulo de Frontin iniciava a série de benefícios que prestaria à sua
cidade natal. Foi ele, sem dúvida um dos
mais notáveis engenheiros de seu tempo, e um dos maiores pioneiros do progresso
do Rio de Janeiro.
Eu fico imaginando as caras dos engenheiros que falaram que seriam
necessários oito meses para o referido serviço.
Consigo imaginar, todos em volta de uma mesa redonda,
fumando e tomando café, dentro de uma teoria estúpida e sem base.
Participei de muitas reuniões e os ingredientes presentes:
cigarro e café.
Quanto ao cigarro, responsável por muitos inquilinos na
cidade dos pés juntos, fica a minha pobre colocação: se o nariz do ser humano fosse
talhado para soltar fumaça, Deus, provavelmente teria colocado os orifícios do
mesmo, para cima e, não para baixo.To errado?
Existe uma frase muito usada, porém, no meu modo de
entender, ficou pela metade, ou seja: Quem sabe faz ao vivo, porém, quem não
sabe se esconde.
Os engenheiros bam bam bam, oito meses para colocar água.
Chega o jovem engenheiro, 18 anos, e crava, dentro de uma praticidade absoluta:
se me derem condições, coloco água em seis dias. É muita confiança, sabia o que
estava dizendo.
É dos meus, ou seja, mata a cobra e mostra o pau, sem nhãnhãnhã.
Paulo de Frontin! Aceite minhas palmas in memorian. Existe
este termo? Se não existe, agora existe; pedirei licença para Pilatos para
repetir sua famosa frase, ou seja: O que escrevi, escrevi; passa a régua e
fecha a conta.
Abraços do
Catarina Paranaense.
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