quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

" O TEOREMA DO ARAÇÁ."



Você sabe o que é um araçá?
Não sabe, é claro que não sabe, ou melhor, não sabe nada.
O araçá é o fruto do araçazeiro; resumindo, uma goiaba reduzida.
O quêêêêêêê? Você não sabe o que é uma goiaba?
Não conhece piculinas nenhuma, um verdadeiro impermeável.
- Eu conheço Itajaí, passei lá na banca de peixe e comí camarão.
- Deve ser um japonês ou chinês, pois, na banca, ou melhor, no maior mercado de pescados do mundo, só se vende camarão cru.
Eu prefiro camarão ensopado com palmito, adicionado ao arroz soltinho, uma verdadeira delícia, não se esquecendo do prato Brasileirinho, de Eldorado/MS, o qual não tem camarão, porém, um prato apetitoso, o que não me deixa mentir o meu amigo Nê.
Mas vamos ao que interessa a minha esposa convidou-me para comer araçá, domingo, logo após do almoço. Não poderia perder esse majestoso programa. Passei o meu terno, camisa, gravata, cueca  e meia, escovei o bigode e vamos nós.
Dirigimo-nos para o pé de araçá, no nosso quintal e iniciamos a comer o bendito fruto.
1º araçá – pimba, 2º - pimba – 3º pimba – 4º pimba – 5º pimba – 6º pumba, pumba e pumba.
Aguardei a sua pergunta, porém, não fez; é mesmo assim, quando se deve perguntar, não pergunta, agora, quando não é para perguntar, aí sim, pergunta.
Deveria perguntar por quê até o 5º araçá falei pimba e 6º pumba?
É que no pumba, ao mastigar a semente do araçá, trinquei o dente ou, expulsei uma obturação. Acabou-se a festa, o dente trincado começou a roçar na língua e bagunçou o coreto, entendeu reco- reco?
Surgiu outro problema, a questão do preço que o Tiradentes irá cobrar.
Sexta à noite, terei que esperar até a próxima segunda para resolver o incidente.
Partirei para uma pesquisa perante os meus clientes, afinal de contas, quem não se comunica se trumbica.
1º cliente – O canhanha – grande canhanha.
Canha? Na trituração de um araçá quebrei o dente ou coisa parecida, dê-me uma idéia, quanto o do dente irá cobrar pelo serviço?
- Depende do dente, entretanto, pode desembolsar cento e cinqüenta mangos.
2º - Bicanca – grande bicanca.
Bicanca? Faturei um dente, comendo uma semente de araçá, quanto o dentista irá cobrar você que é vizinho do mesmo?
- Recentemente surgiu uma cárie na minha dentadura, devido altas cachaças, o mesmo me cobrou cento e vinte pilas, é por aí.
3º - Deixa que eu chuto.
Dechu? Furei ou quebrei um dente, quanto você acha que o da boca irá cobrar?
- Esses caras tocam a faca, por baixo 100 paus.
4º - Chegou um cara cabeludo de boné, desconhecido, porém, aproveitei a oportunidade para ouvir o desconhecido: gadeia? Ao mastigar a semente de um araçá trinquei um dente ou expulsei uma obturação, você tem idéia quanto pagarei para consertar o prejuízo?
- Meu caro! Tem que verificar a gravidade da cárie ou orifício; por exemplo: gravidade da cárie, ou seja, primária, secundária, universitária, PHD, e outros bichos mais. No entanto, pode preparar duzentos cascalhos, por baixo.
- O senhor é dentista?
- Não! Sou encanador profissional
Em média, arredondando, 140 mangos, um absurdo.
Já no consultório, aquela velha frescura: bom dia doutor!
- Bom dia! O que houve?
- Ao abater um araçá, mastigando a semente do mesmo, pimba, trinquei ou expulsei uma obturação.
- Vamos sentar.
Abra a bocarra.
- Um momento doutor, um momento, depois quer que o brasileiro arrume os dentes, um verdadeiro antagonismo, a maioria ganha uma merreca, outros o salário mínimo, então eu pergunto e o senhor responda? Como tratar os dentes?
Só para tapar esse furinho o senhor quer cobrar 140 contos, não tem como!
- Araçá! Nem olhei a situação do seu dente e você já está colocando palavras e preços na minha boca, vamos com calma.
Doutor eu tenho aqui, dentro de minha carteira, cinqüenta cascalhos, mais cartão de débito, CNH, CPF, CI, documento de um Verona 94, com escape a ser soldado e alguns botões, o senhor decide?
- Butiá! Faremos uma avaliação.
- Doutor! Deixa o seu butiá para lá, vamos com muita calma, a origem é araçá, araçá, entendeu pescoçudo?
Prá cá com essa.
- É, uma trinca; quanto é que você tem na carteira?
- Vou aferir não sei se é vintão ou cinqüentão.
- Verifica, verifica, pois, se for vintão, farei, apenas, um terço da restauração, não venha com gozação prá cima de mim
- Taquí, olha o cinqüentão, já foi feito a despedida lá em casa, agora é só transferir para o senhor, fazer o quê?
Pega logo a nota butiá!
- Calma, calma, ainda não terminei o serviço.
- Doutor? Posso fazer uma pergunta?
- Faça.
- Qual a boca maior que o senhor já enfrentou?
- Chegou um cidadão, na hora de abrir a bocarra, olhei para a mesma, joguei a minha banqueta fora e pulei para dentro da boca do mesmo, usando a sua língua como banqueta, uma verdadeira tranqüilidade, apenas, fiquei preocupado no sentido do mesmo fechar a boca, mas correu tudo bem.
Uma boca de jacaré.
- Pronto! Tai o cinqüentão, vim com ele e volto sem ele, fazer o quê?
- Obrigado doutor.
- Um momento.
- Pois não doutor!
- Da próxima vez traga um quilo de butiá, OK/
- Doutor! Doutor! É araçá Zé da broquinha.
O quê foi? Alguma graça para abrir essa boca cheia de dentes?
Abra a boca para o Tiradentes, meu caro, não para mim.
Aceita um araçá com bastante semente?
Abraços do Catarina Paranaense.











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