terça-feira, 3 de julho de 2012

"OS BICOS FINOS."


Ganhei um par de sapatos de meu filho, o Maneco da Ilha, porém, o bico é muito fino e longo, forçando-me a aprender a andar novamente com os mesmos.
Algumas inconveniências os mesmos me trouxeram, a saber:
- na igreja: quando você se ajoelha ou levanta, a força do corpo é sustentada pelos joelhos e os bicos dos sapatos.
Já na igreja, quando fui ajoelhar-me os calcanhares dos sapatos encostaram-se às minhas costas, é mole?
Quando fui levantar-me, um bico sustentou o peso, mas o outro arcou, perdi o equilíbrio e virei de pernas para cima, em plena igreja, um vexame total e absoluto.
Já sentado no banco, notei que o senhor que estava sentado no banco da frente, estava bastante incomodado, haja vista, que olhou para trás e falou: o senhor está me cutucando constantemente, vamos parar com tais cutucadas? Olhei para o incomodado e falei: senhor! Olha os bicos de meus sapatos!
- O dito cujo olhou admirado e respondeu: “está parecendo raízes de aipim e continuou a resmungar.”
- Fui bem ao ouvido do mesmo, uma verdadeira concha acústica e falei: amém, você está numa igreja.
O cara parou na hora.
- O ônibus: apanhei o ônibus lotado e fiquei na porta, ocasião em que o cobrador gritou: vamos para frente, por favor. Eu com aqueles bicos avantajados não sabia o que responder.
Liberado um banco sentei-me, entretanto, os bicos dos sapatos foram parar na poltrona da frente, parecendo ser do passageiro de minha dianteira, coisa do outro mundo.
O quê? Está admirado/a de andar ou rodar de ônibus? Sou doído por tal condução ou lotação.
Não posso ver um ônibus, se a porta estiver aberta pulo para dentro do mesmo, mesmo sem destino, coisa de louco; uma loucura salutar.
Já dentro do mesmo, sem destino, fico viajando na maionese.
Na tal viagem componho post, elaboro pedido para minha loja, recebo duplicata e faço o escambau, sacou jacaré?
Certa vez, numa dessas viagens sem destino, após elaborar pedido, receber a mercadoria e duplicata, fiquei tão aéreo, que saltei do ônibus e dirigir-me para um banco, a fim de pagar uma duplicata inexistente, coisa da viagem na maionese.
Já no banco, na porta giratória, eis o problema: o segurança deu ordem: mais para frente, pois a porta travou. Respondi: não têm como, eis o tamanho dos sapatos!
- O guarda tentou de todo jeito, porém, sem sucesso.
Conclusão: entrei sentado, com os sapatos de bicos para o ar. Os bicos batiam na altura da base de minha cabeça. A mesma posição que Napoleão perdeu a guerra.
Cheguei à boca do caixa, a mesma falou: tá com medo de mim? Chega mais para frente!
- Falei: não têm jeito, às bicancas dos sapatos já se encostaram ao balcão; única solução é
 furar o mesmo, para encaixe dos bicos.
- A mesma esticou o pescoço por cima do vidro e soltou uma risada, com uma pitada de bom humor: vai esquiar?
A caixa olhou para mim e falou: em que posso ser útil?
- Quero pagar uma duplicata.
- A mesma respondeu: que duplicata?
- Solicitei desculpa e fui embora.
Coisa da minha cabeça, reflexo de vontade de andar ou rodar de ônibus.

Tentarei administrar a situação, caso contrário, poderei vender os tais sapatos, para meu cliente, o bicanca. Com ele, tudo é na bicanca.
Certo dia chegou à minha loja, nervoso e soltou o verbo: cheguei em casa cansado do trabalho, palavras do picanca, a mulher veio encher-me o saco, frisando que a televisão era muito velha e não tinha condições de assistir coisa nenhuma.
Não pensei duas vezes, diz o dito, joguei a televisão para rua, mirei à mesma, soltei uma bicanca, que a mesma desapareceu. Comigo tudo é na bicanca.
Escreveu não leu bicanca nela.
Um cliente qualificado, selecionado, para comprar os referidos sapatos.
Grande bicanca, cara muito legal.
O quê foi? Não gostou do papo?
Aceita bater um papo ao pé do ouvido com o bicanca?
Este post foi elaborado com dificuldades de chegar perto do computador, pois estou calçando o par de sapatos de bicos finos e longos.
Abraços do Catarina Paranaense.



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