Já falei da Mulher Soldado, uma baiana com muita fibra.
Já falei das Defensoras de Tejucupapo, pernambucanas
determinadas.
Agora falarei de uma Catarinense arrojada, A Heroína do Sul.
Venham comigo.
Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu na vila de Morrinhos, no
Estado de Santa Catarina, no ano de 1821. Casou-se aos 21 anos, com o patriota
italiano José Garibaldi, o qual, juntamente com Bento Gonçalves e David
Canabarro, tomou parte na Guerra dos Farrapos, revolução que, durante dez anos,
ensanguentou o solo do Rio Grande do Sul.
Garibaldi percorria as costas de Santa Catarina, comandando
alguns navios armados, quando ancorou no porto de Laguna. Nesse lugar conheceu
Ana Maria ou Anita, moça formosa, alegre e destemida, exímia cavaleira, por
quem se apaixonou. Garibaldi levou Anita em sua companhia, casando-se com ela.
Daí por diante, a jovem catarinense tomou parte em números
combates, no mar e na terra, ao lado de seu marido.
Desempenhou com êxito, muitas missões perigosas, afrontando,
sem temor as balas inimigas. Numa batalha naval contra as forças imperiais, foi
ferida, a bordo do “Rio Pardo.” Mas continuou lutando com indomável valentia. E
ainda ajudou o marido à por fogo nos navios abandonados.
Na ocasião em que os revolucionários se retiraram para
Lages, Anita Garibaldi lutou de espada em punho. Tendo sido morto o cavalo em
que montava, com o chapéu varado por uma bala, ela saiu prisioneira do inimigo.
Mas, dias depois, conseguiu fugir, viajando sozinha pelo sertão, até encontrar
Garibaldi.
Nas margens do Capivari nasceu-lhe o primeiro filho, que
carregou ao colo durante a retirada dos “farrapos” para Vacaria, no Rio grande
do Sul. Anita Garibaldi teve então de suportar, por muitos dias, os horrores do
frio, da chuva e da falta de alimentos, Perdidas as esperanças da vitória das
forças farroupilhas, e solicitado pelos uruguaios, Garibaldi aliou-se aos que
combatiam o caudilho Oribe. Em sua companhia seguiu Anita, sempre lutando ao
lado de seu esposo.
Em 1847, Anita partiu para a Itália, em companhia de três
filhos, para se juntar a Garibaldi que lá se encontrava. Um ano depois, as
populações italianas revoltaram-se contra os austríacos, que as dominavam,
vencendo-os em Lombardia.
Foi então proclamada à República de Roma, chefiada por
Mazzini e defendida por Garibaldi. O rei de Nápoles e a rainha de Espanha
enviaram tropas contra os republicanos, mas estes, sob o comando de Garibaldi,
saíram vitoriosos. Os franceses também atacaram os italianos, mas foram
derrotados por Garibaldi.
Em todas essas lutas, Anita teve um papel saliente,
combatendo, de armas na mão, junto do seu marido. Com a cabeça posta a prêmio,
Garibaldi quis colocar a esposa sob a proteção da República de S. Marino. Mas
Anita recusou e o marido teve de transportá-la até Ravena, através de uma
região deserta e pantanosa. Gravemente enferma devorada peça febre, pela fome e
pela sede, Anita era quase um cadáver. Depois de mil peripécias, Garibaldi
conseguiu levá-la para uma casa escondida na floresta, aonde veio falecer,
poucas horas depois, a extraordinária e intrépida heroína brasileira.
Anita Garibaldi morreu perto de Ravena, na Itália, no dia 4
de agosto de 1849. Pelos seus feitos gloriosos e por sua vida consagrada à
defesa da liberdade, foi ela chamada, com razão, a ‘HEROÍNA DOS DOIS MUNDOS.”
Os registros supramencionados, por si só se explicam, não
tendo mais nada a declarar.
Abraços do
Catarina Paranaense.
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