quarta-feira, 26 de setembro de 2012

"A CONSULTA."


Diante da pressão arterial elevada, ou seja, uma pressão arterial alpinista, a prole achou por bem marcar uma consulta com o discípulo de Freud, é mole?
Cuja finalidade é ajudar-me a achar o ponto de equilíbrio; ponto que nunca perdi.
Consulta marcada para 13h30m, porém, cheguei às 12h15m.
Eis o desenrolar da consulta:
- Boa tarde.
- Boa tarde.
- Marquei uma consulta, com o doutor, às 13h30m, qual a sala do consultório?
- Um minuto, falou a secretária, entrarei em contato com doutor.
- Doutor! O seu cliente das 13h30 m, já está aqui!
- Mas é 12h15m, e o cara já chegou?
- Sim senhor!
- Como é que ele está?
- Bem tranqüilo, porém, parece ser Catarina, pois, fala bem alto.
- Diga para o mesmo aguardar.
- Aguarde um pouquinho até o doutor chegar, fica a vontade.
13 horas.
- O senhor pode entrar sala número 2.
- Boa tarde doutor!
- Boa tarde, ainda estou arrumando a mesa, pois acabo de chegar.
- O senhor acha que a minha mesa está bagunçada?
- Bastante bagunçada doutor!
- O que você acha da colocação dos objetos na mesa?
- A agenda, haja vista, que a mesma deveria está perto de suas mãos e não na ponta da mesa, pois cada vez que o senhor querer anotar ou observar algo, terá que se esticar todo, para alcançar a mesma, dando a impressão que está dando uma tacada de sinuca.
- O senhor joga sinuca?
- Não doutor, entretanto, às vezes aplico umas tacadas na vida.
- Doutor! Possuo a síndrome do jaleco branco e não gosto de consultório médico, sacou jacaré?
- Não visto jaleco branco, não mordo e não sou jacaré.
- Vamos entrar diretamente na consulta, farei algumas perguntas.
- Chuta.
- O que é que o senhor tem na cabeça?
- Uma cabeleira futebolística.
- Como assim?
- Onze fiapos para cada lado e o Juiz no meio.
- Eu perguntei o que o senhor tem dentro da cabeça Mané?
- Doutor! Temos que entrar num consenso, afinal de contas quem é o médico?
- Sou eu, evidentemente.
- Tá bom, tá bom, responderei a sua pergunta; dentro da cabeça tenho uma CNH, ou seja, uma Carteira Nacional de Habilitação
- Ah! Você tem uma Carteira Nacional de Habitação.
Poderá me explicar detalhadamente.
- Sim senhor.
Estava na minha megaloja (21m2), sentado no cepo (a cadeira que desmunhecou), aí chegou um senhor da idade da felicidade, nervoso, desesperado, falando que reprovou na renovação da CNH.
- Perguntei qual o motivo da reprovação.
- Ele falou na aferição da pressão arterial.
- Mas o DETRAN não mede pressão arterial!
- Claro que mede doutor, eis aí a circular do DETRAN.
- Me deixa dar uma olhadela.
Pressão máxima aceitável 16x10?
A minha é 20x16 e não baixa!
Você veio aqui esquentar a minha cabeça com esse negócio de renovação de carteira.
- Doutor! Estou aqui para resfriar a minha cabeça, não esquentar a cabeça dos outros, ora bolas.
Como tenho a pressão arterial elevada, uma pressão alpinista, pois a mesma só quer viver nos picos, estou solicitando ajuda médica!
- Como é que o senhor come?
- Apanho a gororoba coloco no prato, levo a mesma, através de uma colher, pois não uso garfo nem faca, longe de mim tal frescura, à cavidade bucal, depois de formado o bolo alimentar, pimba, jogo para o estômago.
Só errei uma vez, joguei para o estômago, o mesmo desviou, foi direto para o intestino, este, também, desviou, e o referido bolo alimentar foi parar no calcanhar.
- Perguntei o jeito de comer, mastigar, rápido, médio ou lento?
- Depende da fome doutor, depende da fome.
Se estiver faminto, trituro, esgano o mesmo.
- Para, para e para.
Você falou que esgana, posso saber maiores detalhes?
- Coloco o bife, a lingüiça, o ovo, seja lá o que for à boca e giro para os lados até engolir o mesmo.
Agora, se estou com pouca fome, vai mais devagar e quando estou sem fome, vai uma sopa, um mingau de aveia e por aí a fora.
- O pãozinho francês, em quantas mordidas você fatura o mesmo?
- Depende doutor, depende; se for o pão do baiano, em quatro mordidas, agora, se for o pão do polaco, em três mordidas.
Tentei, certa vez, comer o pão do baiano em duas bocadas, entretanto, o mesmo entalou na boca, e se não fosse a respiração pela chaminé, tinha batido às botas.
- Como pela chaminé?
- Pelo nariz doutor!
- Como é que você conseguiu se safar da referida situação?
- Apanhei um saca rolha enfiei no pão e puxei-o.
- Veio com dentadura e tudo?
- Não senhor, não tenho dentadura; agora, se fosse o senhor sim, ficaria com a boca como nasceu, ou seja, banguela.
- Como é que você sabe que uso dentadura?
- Fácil, muito fácil, não existe harmonia entre a sua bocarra e a dentadura, inclusive, o senhor deveria fazer uma reunião com sua boca e dentadura, para que os mesmos entrem num acordo, caso contrário ficará notório a presença da referida dentadura.
- É dose para mamute.
Você sabe o que é um mamute?
- Claro que sei doutor, apenas uma pulga itajaiense.
- Você acha que eu tenho a boca grande?
O máximo que abro é assim. Doutor fecha a bocarra, por favor, juro que contarei a verdade, apenas a verdade, nada mais.
Quanto ao termo jacaré, justificaria como força de expressão, entretanto, vou eliminar a força de expressão, ficando, apenas, o jacaré, com uma ressalva: o senhor ganha, facilmente, do jacaré, no quesito boca. Tá louco
- Você já foi em outros médicos?
- Sim senhor, fui num clínico geral, agora, o senhor e depois irei num veterinário.
- Você tem algum tipo de bicho de estimação?
- Não senhor, a consulta é para mim.
- O quêêêêêê?
- Calma doutor, muito calma, irei ao veterinário, apenas, para tirar uma dúvida, quero saber se a terapia da rinchada é melhor que a terapia do grito.
- Você sabe rinchar?
- Sim senhor.
- Aprendeu com quem?
- Com os cavalos de meu falecido sogro.
- Como assim?
- O meu sogro colocava ração para os mesmos no cocho, ocasião em que eu estava junto dos cavalos, separando às rodelas de cana caiana. Ficava com as rodelas da cana e comia, ali mesmo no cocho, jun tos aos cavalos, ocasião em que aprendi a rinchar.
Seis, também, soltar coice cascudo.
- Coice cascudo?
- É muito fácil doutor, você cutuca a canela do cara na base do raspão, ou seja, vapt vupt.
- O senhor aceita um coice cascudo na canela?
- Não e não, minha canela não é caixa de pancadaria.
- Doutor! O senhor aceita ouvir a minha rinchada?
- Não, não e não.
Este prédio e lotado de consultórios, inclusive o vizinho, além de médico e vaqueiro, você pode observar que o seu consultório é decorado com chicotes e laços, se o mesmo ouvir uma rinchada, é possível sair de sua sala a cavalo, aprontando uma quizumba do cão.
O mesmo já não bate bem da cuca, portanto, vamos evitar aborrecimentos.
Deixa para rinchar lá no veterinário.
- Você mora em Curitiba?
- Sim senhor.
- Existe um ponto de referência?
- Bairro Hauer, vizinho do Pinel.
- O quêêêêêêêêê?
- Vizinho do Pinel.
- Quantos metros têm o muro do Pinel?
- 3,5 m.
- Você tem escada em casa?
- Tenho aquela de abrir, com 5 metros.
- Já tentou pular para o lado de lá, ou seja, do Pinel?
- Muitas vezes.
- Posso saber o motivo?
- Fugir desta sociedade louca e maluca.
- Está filosofando?
- Não, apenas falando a verdade.
- Receitarei um remédio que, provavelmente, fará você dormir bem melhor, inclusive tirará o alpinista do Pico, O.K.?
Não se esqueça de contatar comigo, após o seu exame para renovação da carteira, O.K?
- Tá interessado em doutor?
- Claro você deixou-me com a cabeça quente, com este negócio de pressão arterial.
- Obrigado doutor e bons negócios.
- Sucesso Catarina.
Abraços do Catarina Paranaense – ainda no pico.

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