quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"O DILEMA."


Uma das piores coisas para mim é achar uma barbearia para cortar o cabelo, ou melhor, a penugem.
Calma, calma e muita calma, eu não frisei que não gosto de cortar o cabelo, e sim, achar um lugar para depenar o mesmo. Tá entendendo orelhudo de uma figa.
Barbearia, sim senhor! Por quê não?
Nossa! Que coisa brega! Coisa do passado, tá louco!
A tal modernidade é que está levando a humanidade para o caos.
Eis o meu perfil: eu sou um homem pobre, humilde, acostumado às coisas pequenas e ao silêncio, sacou melão?
Eu freqüentava uma barbearia bem perto de minha casa, entretanto, o cara não agüentou o tranco e sumiu; isto mesmo sumiu, sem dar satisfação para a clientela.
Encontrei outra barbearia na mesma região; ficava entre a frescura e uma barbearia normal.
Segunda-Feira, dia 19-12-2011, desloquei-me com destino à mesma, no sentido de cortar o cabelo. Quando cheguei, olhei para o estabelecimento e caí de joelho, com as mãos para cima. O orelhudo do barbeiro alugou todas às salas do térreo e lascou: salão de cabeleireiros; uma verdadeira pintura, porém fechado.
Notei uma senhora no lado de dentro do salão. Bati na porta e a mesma me atendeu.
- Bom dia.
- Bom dia.
- O do cabelo não está atendendo?
- Hoje ele não atenderá, por motivo de cirurgia no seu filho; e doravante somente com hora marcada.
Pensei, aqui não voltarei nunca mais.
Fui em frente, observei outro salão, porém, um barbeiro cortando o cabelo de um cidadão e mais cinco aguardando a vez.
Outra tentativa, a mesma situação.
Cheguei à conclusão que se trata de um bom segmento de mercado.
Já de volta para casa, com o saco cheio, pois, não tinha idéia aonde cortar a penugem.
Há duas quadras de minha residência, observei um salão com os seguintes dizeres: masculino R$ 10,00.
Analisei o ambiente, notei uma senhora deitando e rolando na cabeça de outra senhora, e uma moça magra enfeitando a cabeça de um cara.
Cheguei e lasquei a velha pergunta: quanto custa o tombo do cabelo? Precisa marcar horário? Aquela velha frescura.
- Resposta: dez mangos e não precisar marcar horário, e só sentar e aguardar.
Sentei e observei a senhora madame barbeira fazendo uma coroa na cabeça do cliente; o cara bastante jovem.
Pensei com meus botões: tal coroa não seria possível na minha cabeça. Motivo? Falta de matéria prima. Poderiam ser tentadas duas coroas laterais, o que não seria aconselhável, haja vista, a semelhança com outros indesejáveis.
Chegou a minha vez.
A senhora madame cidadã perguntou o meu nome e apresentou-se; atitude elogiável, por parte da mesma.
- Vamos passar a máquina?
- Não minha cidadã, apenas retocar algumas pontas indesejáveis, nada mais.
Quando olhei para frente, aquele espelho da largura da parede. Pensei, esta desgraça vai aprontar para cima de mim.
- Sugeri a cidadã, se possível, cortar o cabelo de costas para o famigerado espelho.
- A mesma indagou-me: não gosta de espelho?
- Não minha barbeira, esta coisa tende aprontar para cima de mim.
- Possuímos incompatibilidade refletiva (ETA termo do além).
- Bom, seja feita a sua vontade.
E lá vai a cidadã tesourando tudo que tem direito.
Fiquei um tanto desconfiado, pois, o barbeiro anterior, aquele que expandiu o seu salão, já tinha pleno conhecimento dos fios de cabelos intocáveis; a minha base de sustentação, pois, graças a esses fios, eu tinha como disfarçar, ou seja, jogava os mesmos para o lado e tudo ficava muito bem, dando a impressão de uma verdadeira cabeleireira.
A mocinha girou a cadeira e quando olhei no espelho o que vi? Uma cara parecendo uma goiaba, não uma goiaba redonda, e sim, uma oval. Uma verdadeira coisa.
-Perguntei? Cadê a minha reserva de sustentação? A senhora decepou uma obra preciosa, ou seja, uma obra rara.
- Ligeiramente, a mesma lascou: não liga, logo nascerá novamente. Estamos no verão, um calor insuportável, é salutar o cabelo bem curtinho.
- Curtinho? Eu quero o meu cabelo!
- Olhei para o chão e avistei os preciosos fios abraçados, chorando a desgraça sem retorno.
- A mesma deu uma ordem: vamos lavar os cabelos.
Levou-me para uma cadeira com uma bacia anterior, para lavagem.
A mesma puxou a minha cabeça para trás com tanta força que se soltasse imediatamente, a minha cabeça iria parar lá no meio do asfalto.
Iniciou a operação lava-cabelos e cabeça. Lavou o cabelo, às orelhas, a nuca, o nariz e os olhos. Lavagem l00% cabeçal.
Tenho problemas de pressão arterial, pressão alta.
O maior problema e olhar para cima, logo vem à tontura.
Quando a mesma deu ordem para voltar à cadeira anterior, eu estava tão tonto, que saí cambaleando que nem pião. Todo mundo me olhando, uma verdadeira vergonha. Eu estava tão tonto que, ao invés de sentar na cadeira original, sentei-me na cadeira de espera.
A cidadã barbeira me orientou e perguntou-me: o senhor está bem?
- To, sim senhora.
- Ela frisou: gozado! Às suas orelhas são normais, do mesmo tamanho, mas, lá no espelho, uma é maior do que a outra? O senhor é alguma alma penada, ou um ET.?
- Vamos com calma madame, vamos com muita calma; já expliquei para a senhora da incompatibilidade refletiva; este espelho tá gozando da minha cara.
A mesma para cientificar-se da igualdade das orelhas, puxou as duas para cima, não achando nenhum defeito, apenas, admirou-se com o tamanho das conchas acústicas.
A cidadã barbeira virou-se, aproveitei a oportunidade para mostrar a língua para o famigerado espelho.
A da tesoura viu e frisou: que vergonha, um homem com barba na cara fazendo língua para mim. Cadê o sinal de respeito, heim goiaba oval?
Como estava com o cabelo molhado, ou melhor, apenas a careca, entrei no estágio de invocadérrimo, passando de imediato, para o estágio de cara de ninguém.
Terminado o trabalho, saquei os dez cascalhos e, devido à tontura, ao invés de entregar a grana para a cidadã do tombo no cabelo, entreguei para um cliente que estava esperando a vez.
Apanhei o meu pente e entreguei para a mesma, solicitando que cuidasse bem dos fios de meus cabelos, até então, tão importante para o meu visual, que já não era aquelas coisas.
Orientei-a no seguinte sentido: apanha do chão e conserva num lugar viável, pois, tentarei uma cola para cabelo, assim sendo, caso positivo, faremos a operação “voltam cabelinhos.”
Uma verdadeira quizumba.
Um dos cortes de cabelo mais difícil de minha vida.
Já em casa, após os afazeres do dia, fomos dormir.
De madrugada passei a mão na minha cabeça e gritei: mulher, mulher, trocaram a minha cabeça!
-Ficou louco é?
-Passe a mão na minha cabeça vamos! – Esta não é a minha cabeça, o filé trocou na hora de lavar o conjunto
Amanhã bem cedo irei até aquele salão de “m” e exigirei a minha cabeça normal.
Necessito urgentemente achar uma barbearia natural. Barbeiro acima de 60 anos, que faça a barba a tapa e o cabelo na base da munheca; e fim de papo.
Abraços do Catarina Paranaense – A goiaba oval.






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