segunda-feira, 11 de julho de 2011

"A PRINCESINHA DO AREÃO."

Noite turva nuvens negras, viam-se o coriscar e trovejar. O céu apresentava-se como um cenário de horror. Uma tempestade sem fim, parecendo à queda de tudo.
Através de uma vidraça, tudo observava, pois, meus familiares achavam-se ausentes, e eu ficara sozinho. O que podia fazer? Nada, absolutamente nada.
Bom momento para relembrar os tempos passados, a infância, aqueles tempos em que tudo era alegria, divertimento, desde um tropeção até uma escorregada.
Perto de mim, estava minha companheira, sim, a vela, que exercia um papel importante: substituir a luz elétrica que faltara devido à tormenta.
Passaram-se alguns momentos e recordei de um caso interessante que se deu no Campo de Areão, Estado de Santa Catarina. Campo de Areão, vila muito pequena, composta de habitantes pertencentes ao Batalhão Ferroviário. Lá tudo era muito simples, sua beleza destacava-se devido à própria natureza: cachoeiras, matas, arvoredos, araucárias, campos, tudo colaborando com a pequenina vila.
Lá morou o casal Arruda, sendo ele o Sr. Josias Arruda e sua esposa, Sra. Madalena Menezes de Arruda. Possuíam como recompensa divina uma linda filha, a linda Miriam. Com l6 anos de idade, parecia uma verdadeira boneca, seus cabelos negros, seus olhos castanhos, suas sobrancelhas serradas, seu rosto oval, enfim, uma princesinha. Seus pais bastante pobres defendiam-se, principalmente, com lavagem de roupas, cuja encarregada era a menina moça, que vivia desde o clarear até o desaparecer do Sol, na fonte executando a tarefa cotidiana.
Seu pai, o velho Josias, trabalhava como carreteiro, ocupando-se de sua carroça e uma parelha de cavalo, por sinal, muito magros. Sua mãe, um tanto adoentada, tratava dos afazeres da pequena casinha. E assim viviam.
Apesar de todos os obstáculos, Miriam sentia-se feliz, não se lamentava, consolação era uma virtude de sua parte.
Certo dia, conforme portaria do Batalhão, chegou ao Areão, uma equipe de agrônomos a fim de medir as terras.
Tudo pronto para iniciar. O dia amanheceu lindo, o céu com o seu azul característico, adornado pelas nuvens esbranquiçadas. Assim, Dr. João iniciou sua tarefa, a medição das terras. O sol causticante, uma falta de vento, fazia com que os habitantes do Areão consumissem grande quantidade de água, devido à sede. O jovem doutor desprovido, e com a garganta quase que seca, chegou-se para Miriam, a menina que desde o amanhecer estava mexendo em água, e pediu-lhe um pouco d’água. A jovem um tanto vexada, devido seu traje, com um pequeno boião atendeu ao pedido do mancebo.
Naturalmente, após o agradecimento houve alguma conversa, não podendo o agrônomo, esconder a simpatia pela pobre moça. Perguntou-lhe quem era com quem residia; após longo diálogo, o jovem dirigiu-se ao Sr. Josias, o carreteiro, que com muita dificuldade conseguiu frear sua carroça. Assim iniciaram a conversa; seu Josias explicou a situação miserável que passava, enquanto que Dr. João apenas lamentava a vida daquele coitado. Mas, daqui para frente tudo mudará, foi o que falou o agrônomo, e de fato aconteceu. Sr. Josias foi ajudado grandemente.
Tornaram-se namorados, Dr. João e Miriam, noivaram e logo casaram. Um dia diferente em Campo do Areão; tudo muito bonito, fogos, bandeirinhas, carros, pessoas sociais, bebidas. Sim, tudo comemorando o casamento da princesinha, que como um sonho, sorria alegremente pela felicidade que encontrara. Sabia que seu prisma de vida seria diferente, teria um lar, um esposo, uma felicidade, um paraíso ao seu alcance. Agradecia a Deus pela recompensa de seu trabalho.
Hoje Miriam é mãe de dois saudáveis garotos e vive sorrindo junto ao seu estimado Dr. João.
“Paciência e tempo conseguem mais que a força e raiva.”




Nenhum comentário:

Postar um comentário