Observo atentamente
que, pessoas que se referem ao passado, pessoas que gostam de falar para o
público, etc., quando se referem ao passado, logo se justificam, citando que
não são saudosistas.
Não concordo com tais justificativas,
sou saudosista, sim senhor, com muito orgulho.
- Esquecer os mortos é esquecer-se de si
mesmo.
- O futuro de um ser humano está escrito
no seu passado.
Não sou
avental; avental é que tem frente, não tem fundo.
Não se pode projetar o futuro,
esquecendo o seu passado.
Tenho boas lembranças dos meus entes
queridos, que recentemente se foram infelizmente.
RONALDO HENRIQUE KOZAK = Meu cunhado,
casado com minha irmã, um grande amigo.
Nardão ou Polaco, como era conhecido
carinhosamente, deixou muitas saudades.
Tinha o hábito de me visitar na minha megaloja
(21m2).
Após um bom papo, já na hora de se
despedir, fazia um gesto, com o de do indicador, no sentido chamativo, já lá
fora da loja. Atendia o seu chamado, ocasião em que o mesmo apontava para o
novo carro adquirido.
Cara simples, nunca mostrou o nariz em
pé, um elemento fora de sério.
Trabalhamos juntos, com representações
comerciais.
Alguns registros, quando visitávamos a
clientela juntos.
O Nardão com aquela calma que Deus lhe
deu; eu, o Degas, sem pavio.
Após algumas visitas à clientela, quando
os resultados não eram os esperados, eu, com toda sinceridade, começava a
ratear.
O Nardão olhava para mim e falava: “Vamos
parar naquela sombra de árvore, apontando para a mesma, e vamos saborear uma
água fresca, que a Carmem (sua esposa) colocou no carro para nós”.
Após um quebra gelo, estratégia, que o
Nardão sabia como ninguém usá-la, seguíamos em frente.
Mais algumas visitas, o degas, iniciava,
novamente, mostrar o platinado com falhas.
O Nardão, novamente, usava a mesma
estratégia, ou seja: “Vamos parar naquela sombra e saborear uma maçã, que a
Carmem colocou no carro para nós”. Maçã é uma fruta muito boa para a saúde.
O Nardo, em épocas anteriores, foi
transferido para Rio Negrinho –Santa Catarina.
Assim sendo, nossa família e a família
dele, passávamos as festas de fim de ano, em sua casa, em Rio Negrinho.
Certa feita, todos reunidos na sala da
casa do Nardo, o mesmo chegou, e fez a seguinte pergunta: “Vocês querem
folhinhas (calendários)”?
Todos afirmaram sim.
O mesmo foi até o quintal, apanhou
folhas de uma árvore e entregou na mão de cada um.
Esse era o Nardo.
Infelizmente tudo isso acabou, com o silêncio
enviado pela uma coisa chamada Morte.
ANTÔNIO CIPRIANO DE BORBA = Conhecido,
carinhosamente, entre todos, como DICO.
Meu cunhado, irmão de minha esposa, e um
grande amigo.
Elemento muito alegre, não deixando a tristeza
chegar perto do mesmo.
Sempre de bom humor.
Certa vez, num dos casamentos de meus
filhos, era comum chegar de Joinville-SC; um ônibus lotado de nossos parentes,
daquela cidade.
Eu, como um péssimo assador de carne,
estava me batendo, para atiçar o fogo na churrasqueira; o Dico foi chegando e
falando: “Cai fora Catarina, deixa que eu assumo o comando.
Naquela hora tive a impressão que o Dico
caiu do céu.
Na mais pura gozação com todos, o Dico
tirou de letra, a carne assada para uma multidão de gente.
Em sua casa, em Joinville-SC, o
atendimento de recepção do Dico, era fora de sério, um elemento bem com a vida.
Infelizmente, tudo isso acabou, com um silêncio
enviado pela coisa chamada morte.
OSVALDIR DE ALMEIDA – Meu irmão, um
contador de piadas nato, com um repertório fora de sério.
Após uma convivência longa, formamos
nossa família; ele pai de dois filhos e uma filha, eu, nas mesmas condições,
dois filhos e uma filha, resultando em duas famílias unidas, através das
crianças, com as mesmas idades.
Eu frequentei o balneário de Enseada, São
Francisco do Sul/SC, por quinze anos, durante minhas férias.
O meu irmão, mesmo não tendo férias,
ficava sabendo das minhas, e sem, titubear, entrava em férias por sua conta.
Eu sempre perguntava você não está em
férias, e como ficará o seu emprego?
- Se eu for demitido, arrumo outro
emprego, e vamos nós.
O cara era muito divertido, não
esquentava a cabeça com nada.
Tinha o hábito de falar: Você é uma
cabeça quente!”
Por vários anos, o Osvaldir, com seu
Fusquinha 1968, colocava as duas famílias dentro do mesmo, e vamos nós, sentido
de Enseada.
No começo, com as crianças, ainda bebês,
parávamos à margem da Federal, improvisando fogo, fogareiros e panelas, a fim
de fazer o mingau da gurizada. Criançada já abastecida, vamos nós, sentido à
praia.
Lá, era só alegria, muita praia,
pescaria, passeios, muito camarão, muito peixe, uma vida mansa e gostosa.
Eu sempre fui meio acanhado, quieto,
meio babaca, entretanto, o meu irmão, era prá frente, criativo, sem dar muito
bola para a vida e os problemas.
Nos casamentos de meus filhos, na vinda de
nossos parentes de Joinville/SC., reuniam todos em volta de meu irmão, para
ouvir suas piadas boas e engraçadas.
Nos fins de anos, ele chegava com sua
família, olhava para mim, e perguntava? O que temos para comer? Cara é hora de
comer e viver deixa os problemas para o futuro.
Não comprou nada ainda? Vamos ao
Supermercado comprar alguma coisa, assar e comer.
Assim era o meu irmão.
Todavia, tudo acabou o silêncio
visitou-nos, por mais uma vez, enviada pela coisa chamada morte.
DILMA BORBA – Esposa do meu cunhado
Dico, cunhada de minha esposa.
Sempre alegre sorridente.
Quando de nossa visita, em sua casa,
vinha sorrindo, olhava para minha mulher, e com um sorriso de satisfação,
falava: “Oi Inha (nome carinhoso de minha esposa), que bom que vocês vieram”.
Outro silêncio, oriundo daquela coisa
chamada morte.
São pessoas, entes queridas, que se
foram, acabou, acabou mesmo; a vida de quem fica, também, vai acabando, ficando
uma tristeza profunda, sem muitas explicações.
Nada mais a registrar, apenas, saudades,
saudades e saudades, nada mais.
Abraços do
Catarina Paranaense.
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